There's little in taking or giving,
There's little in water or wine;
This living, this living, this living
Was never a project of mine.
Oh, hard is the struggle, and sparse is
The gain of the one at the top,
For art is a form of catharsis,
And love is a permanent flop,
And work is the province of cattle,
And rest's for a clam in a shell,
So I'm thinking of throwing the battle
Would you kindly direct me to hell?
Estavam os dois sentados no café. Passados tantos anos, reencontraram-se. Tinham sido irmaos em tempos. Longiquos, longiquos tempos em que a vida era simples e as responsabilidades caiam sobre o tipo de ego que se não quer ter. Longos e ténues tempos em que eles eram irmaos, em que eram iguais.
O homem loiro acendeu o cigarro e , discretamente, olhou para o seu amigo de infancia, para o seu irmao de sangue. Ainda hoje sentia a culpa inocente de ter sido bem sucessido, de ter um ego bélico, de ter conseguido quebrar todas as convenções ridiculas que o estrangulavam. Que estrangularam os dois. Ainda hoje sente culpa por o não ter conseguido libertar , o seu irmao de sangue. O seu único irmao neste mundo tao cru.
O outro, calmo, tranquilo e alegre tentou introduzir um topico de conversa mas eles já não eram nada um ao outro. E o homem moreno sabia-o. Mas gostava tanto do seu irmao naquele dia chuvoso como gostava quando eram crianças. Tinha um orgulho no irmao, por ter sobrevivido, por ter conseguido reunir um grito mudo e ter-se libertado. Lá no fundo sabia que nasceu a ser um caso perdido e que a fé que o irmao tinha nele era inutil. Ele nasceu condenado e ia morrer condenado. Acendeu tambem o seu cigarro e fumou-o como se fosse o ultimo e esticou uma folha de papel ao irmao. Ficou espantado e sempre fora perspicaz , penteou o cabelo loiro como demonstraçao de nervosismo. E medo. Ninguem connhecia o seu irmao melhor que ele. Leu o papel e disse-lhe “Não. Não o farei”. O outro perdeu o sorriso. Ele tinha de aceitar era a sua única hipotese de conquistar alguma paz. Tentou convence-lo:
“Esta vida, esta forma de vida, ah nunca foi uma ideia minha. Nunca quis ser isto mas é preciso cobardia para rejeitar o que sempre fui.Sempre fui isto, um pouco isto. Há um pouco disto em todo o lado, na àgua, no fogo. Há uma parte moribunda em cada canto do mundo. Ate em ti. Mas sempre foste melhor que isso, quem me dera ser como tu!
O outro continuou a dizer um Não definitivo e assustado. O não ia fazer. E disse-lhe que eles sempre foram iguais, ele simplesmente tinha tido sorte porque Deus já morreu há muito. E outro, na sua alegria triste existencialista, deu-lhe um sorriso triste e continuou:
“Entende, o amor é simplesmente um continuo suceder de fracassos se não achares que existe algum proposito no mundo e eu sinto-me condenado a ser isto. Sinto-me vendado e encurralado por mim. Por todos os que me querem bem. So me magoaram mais com um amor que me tinham . Sempre foram incapazes de me compreender, sempre me desejaram o melhor que , ao não se adequar a mim, me foi assassinando aos poucos.”
“Eu sempre te compreendi . E não faço isto. Nem pensar.”Nos seus olhos tao duros, tao resistentes e tao estrategos , o azul ganhava uma lágrima de espelho. Não ia fazer aquilo que o seu irmao lhe pedia.
“Por favor, so te peço que garantas que vá para o Inferno. Sempre me condenaram ao paraiso e a uma vida longa cheia de um sucesso vazio que nunca se adequou a mim. E perdi o contacto contigo, meu irmao. E vi-te a seres tu e a brilhares enquanto eras orgulhosamente tu. Vi o reflexo de quem desejava ser mas nunca poderia. Concede-me uma boa morte, concede-me um fim digno e honravel: está lá, no penhasco que dá para o mar. Porque vou morrer de qualquer forma porque já estou morto há muito. Esta la por mim. Por favor.”
O homem loiro olhou o irmao nos olhos. A tristeza era tao violenta que perdeu a única lagrima que tinha. O outro voltou a insistir: por favor, é a maior prenda que me podes dar. Garantir que por uma vez vou para o sitio que quero ir. Ambos sabemos que o Paraiso e bastante aborrecido.
Saiu do penhasco com o seu sobretudo negro a esvoaçar, tenebrosamente, em unissono com o seu longo cabelo loiro. Não conseguiu olhar para baixo e ver o seu irmao desfeito. Mas o que o mais incomodava era a quebra da metáfora horrivel que definia o seu irmao de sangue. Finalmente o corpo estava tao desfeito quanto o ser dele, finalmente tinha um sitio para ir chorar a catastrofe que a sua vida tinha sido, que a sua curta vida tinha sido. Finalmente, podia ir chora-lo aquele penhasco. Pelo seu irmao de sangue e por si. Afinal, tambem morreu qualquer coisa dele naquele dia.
Nunca mais foi o mesmo homem. Perdera o seu irmao de sangue, o seu irmao num mundo cru e torturoso. E era injusto, ambos eram inocentes, por isso é que queriam ir, gentilmente, directos para o Inferno.
There's little in water or wine;
This living, this living, this living
Was never a project of mine.
Oh, hard is the struggle, and sparse is
The gain of the one at the top,
For art is a form of catharsis,
And love is a permanent flop,
And work is the province of cattle,
And rest's for a clam in a shell,
So I'm thinking of throwing the battle
Would you kindly direct me to hell?
Estavam os dois sentados no café. Passados tantos anos, reencontraram-se. Tinham sido irmaos em tempos. Longiquos, longiquos tempos em que a vida era simples e as responsabilidades caiam sobre o tipo de ego que se não quer ter. Longos e ténues tempos em que eles eram irmaos, em que eram iguais.
O homem loiro acendeu o cigarro e , discretamente, olhou para o seu amigo de infancia, para o seu irmao de sangue. Ainda hoje sentia a culpa inocente de ter sido bem sucessido, de ter um ego bélico, de ter conseguido quebrar todas as convenções ridiculas que o estrangulavam. Que estrangularam os dois. Ainda hoje sente culpa por o não ter conseguido libertar , o seu irmao de sangue. O seu único irmao neste mundo tao cru.
O outro, calmo, tranquilo e alegre tentou introduzir um topico de conversa mas eles já não eram nada um ao outro. E o homem moreno sabia-o. Mas gostava tanto do seu irmao naquele dia chuvoso como gostava quando eram crianças. Tinha um orgulho no irmao, por ter sobrevivido, por ter conseguido reunir um grito mudo e ter-se libertado. Lá no fundo sabia que nasceu a ser um caso perdido e que a fé que o irmao tinha nele era inutil. Ele nasceu condenado e ia morrer condenado. Acendeu tambem o seu cigarro e fumou-o como se fosse o ultimo e esticou uma folha de papel ao irmao. Ficou espantado e sempre fora perspicaz , penteou o cabelo loiro como demonstraçao de nervosismo. E medo. Ninguem connhecia o seu irmao melhor que ele. Leu o papel e disse-lhe “Não. Não o farei”. O outro perdeu o sorriso. Ele tinha de aceitar era a sua única hipotese de conquistar alguma paz. Tentou convence-lo:
“Esta vida, esta forma de vida, ah nunca foi uma ideia minha. Nunca quis ser isto mas é preciso cobardia para rejeitar o que sempre fui.Sempre fui isto, um pouco isto. Há um pouco disto em todo o lado, na àgua, no fogo. Há uma parte moribunda em cada canto do mundo. Ate em ti. Mas sempre foste melhor que isso, quem me dera ser como tu!
O outro continuou a dizer um Não definitivo e assustado. O não ia fazer. E disse-lhe que eles sempre foram iguais, ele simplesmente tinha tido sorte porque Deus já morreu há muito. E outro, na sua alegria triste existencialista, deu-lhe um sorriso triste e continuou:
“Entende, o amor é simplesmente um continuo suceder de fracassos se não achares que existe algum proposito no mundo e eu sinto-me condenado a ser isto. Sinto-me vendado e encurralado por mim. Por todos os que me querem bem. So me magoaram mais com um amor que me tinham . Sempre foram incapazes de me compreender, sempre me desejaram o melhor que , ao não se adequar a mim, me foi assassinando aos poucos.”
“Eu sempre te compreendi . E não faço isto. Nem pensar.”Nos seus olhos tao duros, tao resistentes e tao estrategos , o azul ganhava uma lágrima de espelho. Não ia fazer aquilo que o seu irmao lhe pedia.
“Por favor, so te peço que garantas que vá para o Inferno. Sempre me condenaram ao paraiso e a uma vida longa cheia de um sucesso vazio que nunca se adequou a mim. E perdi o contacto contigo, meu irmao. E vi-te a seres tu e a brilhares enquanto eras orgulhosamente tu. Vi o reflexo de quem desejava ser mas nunca poderia. Concede-me uma boa morte, concede-me um fim digno e honravel: está lá, no penhasco que dá para o mar. Porque vou morrer de qualquer forma porque já estou morto há muito. Esta la por mim. Por favor.”
O homem loiro olhou o irmao nos olhos. A tristeza era tao violenta que perdeu a única lagrima que tinha. O outro voltou a insistir: por favor, é a maior prenda que me podes dar. Garantir que por uma vez vou para o sitio que quero ir. Ambos sabemos que o Paraiso e bastante aborrecido.
Saiu do penhasco com o seu sobretudo negro a esvoaçar, tenebrosamente, em unissono com o seu longo cabelo loiro. Não conseguiu olhar para baixo e ver o seu irmao desfeito. Mas o que o mais incomodava era a quebra da metáfora horrivel que definia o seu irmao de sangue. Finalmente o corpo estava tao desfeito quanto o ser dele, finalmente tinha um sitio para ir chorar a catastrofe que a sua vida tinha sido, que a sua curta vida tinha sido. Finalmente, podia ir chora-lo aquele penhasco. Pelo seu irmao de sangue e por si. Afinal, tambem morreu qualquer coisa dele naquele dia.
Nunca mais foi o mesmo homem. Perdera o seu irmao de sangue, o seu irmao num mundo cru e torturoso. E era injusto, ambos eram inocentes, por isso é que queriam ir, gentilmente, directos para o Inferno.