É quanto dura a memória. Um quarto de tempo escorrido que nem água,
e desapareci.
A tua memória de mim cristalizou-se nas palavras que escrevia todos os dias.
E como um Narciso espelhado nelas, foste o viajante que prendi nos meus poemas
recitados à distância.
E cada vez que o relógio batia a nossa hora, mais um poema desabrochava nas minhas páginas, para que ávido, pudesses ler quem foste.
E engana-se quem julga que o fulgor da memória se esfumava com o bater
das nossas horas.
A cada martelada no tempo, renasciam breves e fugazes os meus poemas, marcando
o ritmo da tua ausência.
Mas no dia em que te perdoei, o relógio voltou à hora que era nossa e ficou confuso.
E como não parou como dantes, perdeu-se o tempo de vasculhar
Dentro mim.
Foi assim que me esqueceste.
Um quarto de perdão. É quanto dura a memória.
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