“Custa acreditar que não lutas pelo homem que amas”
Que frase tão banal, pensara. Era tão má, que de facto, custava a acreditar. Não saberia ela que também o amor está condenado à morte?
E fora o amor que morrera.
Fora o seu amor que morrera, e jazia agora enterrado em dois corações desconhecidos. E ela nem respeitava a sua dor imensa.
“Não se ama um monstro. E agora, eu sou um monstro” - Ocorreu-lhe dizer.
Mas para ela era como se tivesse desistido, como se tivesse deixado de correr e não desejasse suficientemente a meta. Era como se a culpa fosse sua, como se metade da morte tivesse saído da sua espingarda.
E os seus olhos olhavam-na como culpada – e era-o: culpada de não perpetuar uma mentira.
Por fim, suspirou-lhe para cima:
“Nunca viste o filme? Até a Bela se apaixonou pelo Monstro…”
Que forma tão oca de se estropiar o Amor. Aquilo era uma violação. E como uma vítima sufocada pelo desejo frenético e egoísta, afastou-a com um levantar de boca: o mais parecido com um sorriso que o seu corpo conseguia simular.
Chegou a casa e tomou um banho para secar o esperma do seu corpo. Doía-lhe ainda mais a perda do seu Amor e custou-lhe ainda mais olhar-se ao espelho: um monstro consumido e usado.
Antes de se deitar, porém manteve-se ciente da Morte.
A Bela nunca viu Monstro algum.
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