Conduzes a vida com um sonho na algibeira. E sonhas que algum dia esse sonho te faça inchar os bolsos e rebente com as calças do fato feito à medida da tua perna, e finalmente vás trabalhar vestido de ti. Tu mesmo, vestido apenas da tua pele última e verdadeira.
E gastas metade dos teus dias no inferno, suando num fato, e enchendo os bolsos de moedas, a cabeça de números e a boca de simpatias. Aguentas mais uma conversa sem rumo e alimentas mais um sorriso fácil, porque te palpita um coração no bolso que é maior do que a tua vida e do que a vida dos outros. Esse coração tomará um dia conta de ti. És como um chocolate, escritor por dentro e engenheiro por fora. Crias bibliotecas na cabeça, e um dia vais virar-te do avesso e todos os livros te cairão ao chão, e só terás que apanhá-los e atirá-los ao Mundo.
Porque sim, tu és mais do que a tua condição de escravo de carreira, a forma moderna de controlar a mente e congelar o sangue rumo a uma morte lenta. Porque sim, tu és capaz de te erguer do chão. Porque sim, o teu sonho é real e tem um corpo. É só esperar, e ele um dia vai tomar conta de ti.
Movido por essa esperança, o dia chega em que tu despes o fato. O Mundo é mais verde e o céu mais azul, e tu vais escrevê-lo com as mesmas cores vivas. Abandonas o inferno onde és estrangeiro, e à tua frente não há senão estradas e caminhos e possibilidades inúmeras, tantas quantas as combinações de palavras. Sentes a liberdade como uma brisa a passar-te pelo rosto, e prossegues a fazer do teu impossível o teu quotidiano.
E nada te sai. E descobres que as frases e as personagens que outrora se escreviam na tua mente eram apenas ecos e sombras de sombras. E quando se vive entre sombras, nunca se chega a ser concreto. Ficas imóvel, incapaz de arrancares uma linha para uma folha. Há uma mão a tolher a tua mão.
E aí o Mundo arde e o céu fecha-se em tempestade permanente. Achavas que dentro do fato vivias o inferno. Mas não. Conheces o inferno quando descobres que não chegaste sequer a viver teu o sonho tão querido e tão próximo, uma vez que nunca se perde o que nunca existiu. O inferno é o sítio onde não tens nada teu.
Os teus bolsos estiveram sempre vazios.
E gastas metade dos teus dias no inferno, suando num fato, e enchendo os bolsos de moedas, a cabeça de números e a boca de simpatias. Aguentas mais uma conversa sem rumo e alimentas mais um sorriso fácil, porque te palpita um coração no bolso que é maior do que a tua vida e do que a vida dos outros. Esse coração tomará um dia conta de ti. És como um chocolate, escritor por dentro e engenheiro por fora. Crias bibliotecas na cabeça, e um dia vais virar-te do avesso e todos os livros te cairão ao chão, e só terás que apanhá-los e atirá-los ao Mundo.
Porque sim, tu és mais do que a tua condição de escravo de carreira, a forma moderna de controlar a mente e congelar o sangue rumo a uma morte lenta. Porque sim, tu és capaz de te erguer do chão. Porque sim, o teu sonho é real e tem um corpo. É só esperar, e ele um dia vai tomar conta de ti.
Movido por essa esperança, o dia chega em que tu despes o fato. O Mundo é mais verde e o céu mais azul, e tu vais escrevê-lo com as mesmas cores vivas. Abandonas o inferno onde és estrangeiro, e à tua frente não há senão estradas e caminhos e possibilidades inúmeras, tantas quantas as combinações de palavras. Sentes a liberdade como uma brisa a passar-te pelo rosto, e prossegues a fazer do teu impossível o teu quotidiano.
E nada te sai. E descobres que as frases e as personagens que outrora se escreviam na tua mente eram apenas ecos e sombras de sombras. E quando se vive entre sombras, nunca se chega a ser concreto. Ficas imóvel, incapaz de arrancares uma linha para uma folha. Há uma mão a tolher a tua mão.
E aí o Mundo arde e o céu fecha-se em tempestade permanente. Achavas que dentro do fato vivias o inferno. Mas não. Conheces o inferno quando descobres que não chegaste sequer a viver teu o sonho tão querido e tão próximo, uma vez que nunca se perde o que nunca existiu. O inferno é o sítio onde não tens nada teu.
Os teus bolsos estiveram sempre vazios.
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