quarta-feira, 24 de março de 2010

Desafio XIII - Resposta

"Põe quanto és no mínimo que fazes"
Ricardo Reis

Chamam-me um “pateta alegre”. Não será, acredito, com má intenção, mas algo na forma como o dizem mexe-me com as entranhas.

Sinto que tive uma boa dose de sorte ao longo da minha vida. Sinto que tive quem me educasse, e quem me ajudasse, e quem me acompanhasse. Não o sinto, na verdade, sei-o. Sei que nunca estive sozinho, mesmo que bem lá no fundo sentisse a mais desesperante solidão. Sei que tive e que tenho quem me ampare na queda, e quem me ajude a levantar de novo, sempre.

Serei fraco?

A questão ecoa nas paredes da minha casa. Serei fraco porque não sofri? Serei fraco porque decidi voltar, serei fraco porque tive sorte ao longo da vida e portanto nunca precisei de realmente lutar?

Muito bem, assumamos que sou fraco.

Silêncio.

Lá está, nada mudou. Ainda há um nada era pateta, e agora passei a fraco. Se continuarmos esta conversa passarei a inútil, e depois a dispensável. Passarei a um simples consumidor de um já raro oxigénio.

E no entanto, continuo aqui. E no entanto sorrio ao ver o que sou, onde estou, e o que consegui. Sozinho ou acompanhado. Revejo-me em mim próprio. Arrependo-me da minha quota-parte de situações, e dou graças por um outro conjunto de situações que fortuitamente aconteceram.

Um momento de silêncio, por favor.

Sim, sou fraco. Sim, tenho dificuldades em dizer que não. Sim, tremo quando sei que tenho razão mas não ma dão, ao ponto de querer explodir sem no entanto o fazer, sabendo que se o fizesse perderia a razão. Sim, prefiro evitar os problemas a enfrentá-los (“Confront your enemies, avoid them when you can”). Sim, tenho dificuldades em engolir situações novas, por medo de perder o conforto em que me instalei nas antigas.

E no entanto, sou íntegro. Sou aquele que tenta apaziguar, mesmo que não consiga sempre evitar cair na simplicidade do “dizer mal”. Sou aquele que faz o que pensa, e que faz aquilo em que acredita, habitualmente.

No entanto, sou aquele que vive feliz consigo próprio. Aquele que dorme bem à noite, aquele que não sabe onde vai chegar e que se preocupa com isso. Aquele que prefere o mapa à aventura, e que acha o próprio mapa uma grande aventura.

Sou aquele que pára o carro no trânsito matinal para tirar uma fotografia ao nascer do sol. Sou aquele que sorri como resposta a um simples sorriso. Aquele que se alegra com as alegrias dos outros.

Sou pateta? Fraco? Simplório? Talvez. Mas sem nenhuma dúvida sei quem sou. Sou eu, e sou eu quem decide a minha vida. Mesmo que essa decisão seja de fazer o que as outras pessoas esperam que faça, ou o que me pedem para fazer. Sou sempre eu. Às vezes não pareço. No fundo, sou sempre eu.

10 comentários:

  1. Uma professora de História um dia deixou-me uma lição de vida muito importante. Na vida, dizia ela, podemos concordar, gostar e sorrir só porque sim. Mas quando queremos discordar ou criticar, é bom que saibamos muito bem porquê, e que tenhamos razões muito fortes.

    Ligar numa frase "simplicidade" e "dizer mal", entendendo "dizer mal" como discordância bem argumentada e sustentada, é algo que me leva a protestar sempre. Porque para ir ao sabor das ondas basta ficar parado. Para nadar contra a corrente há que dar bem aos braços.

    E as pessoas mais interessantes que eu conheço, estão de braços cansados, e mesmo assim são felizes. E sabem comover-se com todos os pequenos momentos de beleza que o Mundo nos dá.

    A auto-ilusão não é a única forma, nem sequer a mais interessante, de se chegar à felicidade. E mesmo falando por mim, que, juízos de valor à parte, vi neste texto uma espécie de negativo do que sou e quero ser,
    todas as noites durmo como um bebé.

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  2. Ricardo Reis é o meu heterónimo favorito.
    Esta é a frase que guardo dele e que espelha aquilo em que sempre acreditei: por minúscula e inútil que pareça a tua acção, ela terá o gigantesco valor de reflectir um acto genuíno.
    Quando li o teu texto, percebi que te referias exactamente a essas pequenas coisas minúsculas e simples que fazem de ti uma pessoas simples, por vezes tão simples que e previsível que actua de acordo com as outras pessoas, não porque queira ser como elas, mas porque é. Tãosomente isso. E que são válidas, porque és tu, em cada uma delas. Genuinamente tu.
    E isso leva-me a uma reflexão ancestral. A simplicidade. Depois de muito analisar, acabei por concluir que existem dois tipos de pessoas simples: aquelas que são simplórias (e fracas, e patetas-alegres, como tu chamas no texto), que são felizes envoltas no seu medo constante de não mudarem por causa do conforto que têm. São demasiado naifs, demasiado primitivas. Existem e estão condenadas à extinção, porque não se conseguem adaptar à mudança; e depois há as outras, as pessoas simples que são tão simples que chegam a ser profundas. Têm essa vertente de mudança no coração sem se darem conta. Os olhos olham para o futuro, até na forma como tiram uma fotografia de manhã ao nascer-do-sol.
    Para mim, essa é a única distinção que faço.
    No entanto, esta frase não representa nenhum elixir de sucesso. Não é por pores “quanto és no que fazes” que serás necessariamente melhor. Ou pior. Se calhar o Hitler pões tudo o que tinha dele...
    A garantia é a de que as tuas acções espelharão quem és.
    E quer sejas uma pessoa complexa e consciente, ou uma pessoa simples (profunda) vais deitar-te todas noites com a tranquilizadora sensação de que te és fiel. E lá no fundo, é tudo o que podemos levar desta vida.

    Peço desculpa, pelo comprimento coment, mas... surgiu-me!

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  3. Já responderei ao comentário do Ricardo, mas a minha resposta ao comentário da Lúcia é bastante mais curto.

    Não compreendi totalmente se o teu comentário tinha uma crítica implícita ou não, mas pareceu-me que não. Se assim for, agradeço-te por me teres conseguido descrever melhor do que eu próprio tentei ontem à noite. Revi-me tanto ou mais no teu comentário do que no meu próprio texto :)

    Quando falaste do Hitler lembrou-me o Harry Potter, quando o Ollivander fala do Voldermort no 1º filme : "After all, He-Who-Should-Not-Be-Named did great things. Terrible, yes... but great!"

    Não tem nada a ver, mas lembrei-me :)

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  4. Voldemort é uma das personagens mais interessantes do livro =)

    E definitivamente ele punha "quem era" em tudo o que fazia. Simplesmente ele "era mais do que os outros".
    Num sentido negro.

    =)

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  5. Ricardo, antes de tudo o mais gostaria de dizer que "dizer mal" foi empregue como uma forma negativa e destrutiva de criticar, e não o contrário como disseste. Usei-o no sentido de que não somos perfeitos, e embora eu goste de tecer sempre críticas construtivas, às vezes - dado o contexto - não é fácil.

    O meu director de turma no 12º ano, depois de uma acesa discussão sobre o respeito que devemos aos professores que não nos respeitam, disse-me "Ainda bem que não és meu filho." Do alto dos meus 17/18 anos, respondei-lhe "Ainda bem que não é meu pai."

    Isto para dizer que fico feliz que vejas no meu modo de ser o negativo do que queres ser. Sentir-me-ia horrivelmente deprimido se visse o mundo da forma como tu dás a entender nalguns dos teus textos, e se sentisse o ódio que deixas transparecer.

    O sentimento é recíproco, portanto.

    Eu não me auto-iludo. Nunca. Eu não tenho razão absolutamente nenhuma para me sentir infeliz, e no entanto não tenho os braços cansados. Não preciso de remar contra a maré quando me sentir bem seguindo ao sabor dela. E isso não quer dizer que eu faça constantemente o que a sociedade acha ou deixa de achar correcto para me sentir integrado. Isso seria demasiado lato. Não. Eu sigo a minha vida, sentindo-me no entanto integrado na dose que me parecer correcta. E isso não me auto-ilude. Eu tenho perfeita noção daquilo que faço e daquilo que decido, como digo no meu texto, independentemente de seguir ou não a manada do resto da sociedade.

    E com isto, não preciso nem tenho necessidade de me libertar através de ecos de ódio e de desprezo. Não preciso de me sentir só no mundo, de lutar contra tudo e contra todos, de procurar lutas fáceis (ou difíceis) só para sentir que o meu dia valeu a pena.

    Serei simplório, provinciano, é certo. Mas garanto-te que a sociedade também já me mostrou ser capaz de fazer uma pessoa feliz.

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  6. Não querendo estar a fazer reflexões detalhadas sobre a forma como cada um de nós vê a vida, vejo nesta discussão, uma forma interessante de discutir mais alguns pontos.
    Tal como o Tiago disse, não é necessário estar-se contra a maré para se ser feliz. Sempre me interroguei como seria gostar das mesmas coisas que gostam as outras pessoas normais, mas por razões genuínas. Acho que essa deve ser uma prisão difícil e interessante, à qual eu (felizmente) fui poupada.
    Portanto, eu compreendo a Indignação (!) perante a postura de alguém que é sempre hostil e vê aparentemente depressão em todos os cantos do mundo.
    É aqui que chega a discórdia. O dilema.
    Porque alguém que trata o Mundo desta forma, neste caso suponho que representado pelo Ricardo, tem razões objectivas e profundas. Nasceu do lado de lá do espelho, tem de ter os braços cansados de remar contra a maré. Ninguém nasce com este fardo nos ombros. Não é simplesmente incapacidade de ver “coisas boas”. Essa é uma explicação demasiado injusta.
    E eu sei que esta representação incomoda. É agreste. Tal como quando vamos na rua e vemos os vagabundos e os mendigos e tentamos ignorar que eles são um produto das nossas escolhas enquanto pessoas – enquanto sociedade.
    Nessa altura dizemos que não queríamos ser como eles. Que eles podiam levantar-se, trabalhar e ter uma vida como toda a gente.
    Mas se formos conscientes, sabemos lá no fundo, que não é bem assim.
    É verdade que podemos ser felizes ao lado da sociedade. Principalmente se tivermos a sorte de ter nascido com os mesmos gostos de pessoas normais. Aí, não temos de lutar contra a maré, quando que sejamos conscientes.
    E eis uma das minhas duvidas ancestrais: é possível ter essa verdadeira consciência quando se está do “lado certo”? É possível não cobrar nada a um vagabundo? É possível de facto, manteres os teus gostos iguais aos da sociedade e ainda assim não ser corrompido por ela?
    Ou a selecção natural dotou-nos da diferença para escapar a esse desígnio?

    =) Espero que nãos e incomodem com as perguntas e com os nomes citados.

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  7. Ok, já entendi que o texto do Tiago (que afinal pouco tem a ver com a frase) foi mais uma afirmação pessoal do que um texto criativo. Parafraseando (já que é assim que começam sempre os nossos textos) o "Ligações Perigosas", numa frase que já deixei aqui, acho sempre muito mais interesse no que as pessoas escondem do que no que as pessoas dizem. Portanto, tenho sempre o cuidado nos meus comentários de não me referir às pessoas, só aos textos. E não por hipocrisia! Simplesmente porque eu não acredito que o que as pessoas dizem/escrevem seja um retrato fiel de si mesmas, ainda que se afirmem felizes e radiantes. (Não sou assim tão ingénuo.) E portanto não vou personalizar nem defender-me, apenas discutir em abstracto as ideias subjacentes ao texto, como sempre faço.

    Então, mais uma vez, 1) pode-se ser negativista, e "dizer mal" de tudo, e ainda assim ser-se construtivo e feliz; e 2) ser feliz NÃO é o único desígnio universal.

    Primeiro ponto:

    Eu nunca neguei, em momento nenhum, que é possível ser-se feliz sendo "integrado", resignado, simplório, ou lá o que seja. O sentido da minha intervenção era para expor a falsidade que é argumentar-se (ou deixar-se nas entrelinhas) que alguém que mostra "ódio", ou não dorme bem à noite, não é feliz. É possível ser-se o oposto de tudo o que o texto diz, e ainda assim ser-se feliz. Portanto, entre a postura passiva do texto e uma postura agressiva (à qual ele se opõe), a diferença não é, de maneira nenhuma, a felicidade que dá às pessoas.

    Segundo ponto:

    Ainda que a felicidade preferisse um dos dois lados (o que não acontece, de forma alguma), não há razão para crer neste preconceito pós-moderno de que a felicidade é o maior bem do Mundo. Uma pessoa sempre feliz (aliás, duvido que exista) seria uma pessoa extremamente aborrecida e monótona. Sem o "drive" da insatisfação, o combustível da revolta, é muito mais duro para alguém mexer-se e procurar mais do Mundo. E portanto uma pessoa mais feliz aproveita mais o Mundo? Isso é mentira. Uma pessoa muito, muito feliz tem grandes dificuldades para sair do sítio, ou nem sequer chega a querê-lo.

    A felicidade não é um bem absoluto. É preciso experimentar o bom e o mau, o positivo e o negativo, o amor e o ódio. É preciso saber ver a fealdade para reconhecer a beleza. Quem vê beleza em tudo nunca chega a saber o que a beleza é. Ainda que seja feliz.

    Concluindo:

    Todos temos momentos mais felizes e momentos mais infelizes. O nosso grau de felicidade é independente do nosso grau de simplismo. E é bom saber equilibrar essa felicidade. Desafio quem quer que seja a mostrar-me uma pessoa que se considere inteiramente feliz e que consegue ser, por exemplo, criativa, profunda ou estimulante para os outros.

    Há uma frase da Fiona Apple, que diz que só compõe música quando está infeliz; afinal, quando está feliz, para que é que deixaria de fazer o que quer que a torna feliz para ir compôr? E acho difícil alguém argumentar que a infelicidade dela, e o "ódio" que ela mostra nas suas músicas, não são um bem tremendo para a Humanidade.

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  8. Ricardo, concordo com o que disseste e ainda assim não posso deixar de não concordar!

    Ninguém é feliz sempre, e ainda bem. Porque tal como dizes é isso que te faz ir em busca da felicidade.
    Não concordo é com a forma como terminas. Pretendes sempre mostrar que a felicidade tem de dar dividendos. Tem de ter aplicação.

    "Desafio quem quer que seja a mostrar-me uma pessoa que se considere inteiramente feliz e que consegue ser, por exemplo, criativa, profunda ou estimulante para os outros."

    Não podia discordar mais. Ser feliz e considerares-te feliz não implica um facto objectivo e muito menos validado pelo exterior!

    Que a infelicidade provoca e estimula a criação? Verdade.
    Que isso é bom? Não. Não creio que seja.

    Tu estás a imaginar uma pessoa feliz, que do alto da sua felicidade vê-se monótona e sem ideias só porque está bem.
    Isso é uma visao da felicidade simplista. E injusta.

    Eu nunca escrevo quando estou bem. E os melhores textos que já escrevi surgiram de dias em que estava profundamente infeliz.
    No entanto, não há nada como todos os textos que já ficam presos nos instantes em que sou feliz e me esqueço de tudo.
    Desculpa, mas que se lixe a Humanidade.
    ( perdoa-me a comparação, não tenho a pretensão de me comparar a nenhum géio criativo).

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  9. Aquilo em que não concordamos é a nossa discussão de sempre: eu prefiro uma pessoa arrogante e prepotente do que uma pessoa aborrecida e banal. E tu não. E ambas as posições são legítimas!

    Só que isso são opiniões pessoais. As tuas e as minhas são igualmente legítimas, e temos o direito de as expressar tão livremente quanto queiramos (por exemplos, nestes textos). Tal como temos o direito de as criticar mutuamente.

    Só que eu, quando as critico, não uso alvos definidos. Não estou a pensar numa pessoa em específico. Porquê? Porque ambos sabemos muito bem que o que as pessoas dizem não é o que as pessoas são. Toda a gente usa máscaras em algum momento da sua vida.

    E por isso, o que eu estava a dizer é puramente impessoal. Repara, eu não posso sequer concordar nem discordar do que dizes, porque o que disseste é verdade para ti e sobre ti. Referir-me a isso seria criticar-te como pessoa, e isso é algo que não se faz só com um simples comentário, nem com todos os textos que possas escrever.

    Portanto, resumindo. Eu não defendo a superioridade moral ou intelectual da infelicidade ou da criatividade (que só dei como exemplo), ou seja do que for. Eu digo que há muito mais objectivos possíveis na vida do que só ser-se feliz. A felicidade tipicamente é o que acompanha o cumprimento desses objectivos, e não um fim em si mesma. E há mais métricas para se medir o sucesso na vida, quer interiores, quer exteriores. E que portanto, ainda que para seres feliz tivesses que ser simplória (o que não tens), a felicidade não é tudo. Outras pessoas podem ter outros objectivos de vida, e medir o seu sucesso segundo estes, e estarem confortáveis com eles. It all comes down to the person you want to be.

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  10. Tudo bem, perdoa o meu caso particular. Não tinha qualquer intenção de o generalizar.

    O meu objectivo era demosntrar que não posso discordar mais do facto de que uma pessoa interiramente feliz é pouco criativa e desinteressante para o mundo. que se foda o Mundo! Essa ideia da utilidade para sociedade enerva-me!

    E mais uma vez, acho simplificas negativamente a felicidade. Ela é exactamente o que disseste: o que te acompanha enquanto atinges os teus objectivos.
    Há quem tenha objectivos mais ou menos estimulantes e interessantes. É verdade.
    Talvez convivesses demais com pessoas que sempre dizem que "querem ser felizes". Isso é uma ideia triste, de facto, mas não podes pegar nisso e generalizar. A maior parte das pessoas não sabe o que diz, e refere-se a isso como um objectivo, ignorando o prazer da conquista.

    Teria de pensar muito para elaborar exemplos em que se pode ter sucesso ou viver para outras coisas sem ser acompanhado pelo desejo de felicidade. Confesso que essa ideia, por si só me incomoda.
    Porque considerações à parte sobre a felicidade momentânea ( e eu concebo perfeitamente que alguém não queria o prazer facil, e seja estimulado pelos eternos e misteriosos caminhos das possibilidade humanas), globalmente se não fores feliz, se não te considerares feliz nos teus sucessos alcançados, então para que viver?

    Quando morrermos, é tudo o que podermos ter, Sentir que alcançamos os nossos objectivos. Isso não é ser feliz?

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