quinta-feira, 18 de março de 2010

Desafio XIII - Resposta

Isso é tudo o que tens para me dizer?

Misery loves company.

E por causa disso vais-te embora? E deixas-me sozinho com as memórias de tudo o que fomos? E porquê? Por causa da minha reclusão? Por causa da minha solidão? Por causa da minha auto e hetero-crítica constante? Por causa desse meu alegado mau feitio, sempre a ver preto no que efectivmente é preto, em vez de fingir que é cor-de-rosa? Por não reconhecer talento e valor no que é ordinário? Por não ceder e não me abnegar à tua banalidade de festas inúteis e tardes em cafés ridículos? Por não achar que em qualquer pessoa está um amigo? Por não me prestar a sorrir a quem odeio? Por recusar a hipocrisia e tentar dar-te uma vida efectivamente diferente e feliz? Então ser consciente e realista é pior do que ser auto-iludido e mentiroso? És capaz de negar que a minha postura me trouxe a capacidade de reconhecer a felicidade onde ela é justa e merecida? És pelo menos capaz de me justificar porque é que essa "miséria" tem que arrastar mais miséria? Consegues efectivamente dizer-me porque é que uma miséria acompanhada, mas consciente e proactiva, é pior do que o teu culto por uma constante alegria tonta, pateta, e cheia de frases feitas? Para além dessa suposta crítica da minha capacidade crítica, sabes mostrar-me algum Mundo interior teu que não seja banal, rotineiro e desinteressante? Sabes dizer alguma coisa que não seja um cliché? Sabes sequer o que esse cliché quer dizer? Tens alguma ideia sequer do que estás a falar? Jesus Cristo, porque estou a perder o meu tempo contigo? Porque é que eu perdi tanto tempo contigo?!

Sinceramente, "misery loves company"?

Is that the best you've got?

Well, sure, at least that may be true.

But company loves misery back.

3 comentários:

  1. Sempre associei sociabilidade a desinteresse e superficialidade.
    Bem sei que esta aproximação é envieasada pela minha experiência e não necessáriamente correcta.

    A razão pela qual sempre prefiri os anti-sociais baseia-as no que descreves no texto.

    Sempre me distanciei de pessoas que se distanciam da solidão.
    Isso sempre me disse tudo sobre elas.

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  2. "Misery loves company" é uma expressão à qual reconheço alguma validade. Quando tudo é negativo na nossa vida, parece (e reforço o "parece", porque apesar de tudo é um cliché ingénuo) que chamamos sobre nós mais negatividade. É aquilo a que as pessoas que acreditam em parvoíces pseudo-místicas chamam "mau karma".

    Eu acho que é profundamente errado ser-se negativista só porque sim, de forma inconsequente e castradora. Mas acho igualmente errada a posição oposta, que é ser-se um pateta alegre, uma Amelie esquizofrénica, sempre a ver gostos astronómicos em todos os pormenores insignficantes e em toda a gente estúpida, em nome do "ah, temos que ser positivos". Essas pessoas arrastam tanta miséria para a vida como as primeiras. E daí que se "misery loves company", também "company loves misery".

    Acredito que há um meio termo. Que é possível ser-se crítico (recusando a aceitação acéfala), e ainda assim pró-activo (recusando a inacção). Que só conhecendo toda a merda do Mundo (e chamando-lhe isso mesmo, uma merda) se pode mudar o nosso cenário e criar um lugar melhor para nós mesmos. E frases como esta não ajudam em nada.

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  3. Este texto dá vontade de o imprimir e espalhar pelo mundo. Espalha-lo por Portugal. Todas as pessoas deviam ler este texto!

    Se bem que duvido que a sua ignorancia preenchida por lugares-comum lhes permitisse a sua total compreensao...

    De qualquer forma, é um texto que devia correr o mundo e agitá-lo.

    Gostei!=)

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