"O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo." Eça de Queiroz
A professora escreveu esta frase no quadro e disse-nos que Eça fora um grande escritor.
A verdade é que nunca gostei de Eça. Mas confesso que os meus referenciais sempre estiveram trocados.
Aquela professora de português que vomitava versos, que bocejava metáforas entre aulas, nunca me inspirou confiança.
Era o emprego dela, ler-nos aquela poesia. Ensinar-nos a interpretá-la. Não sabia ela que a essência da vida estava ali, naquelas palavras? Que a nossa vida, toda a nossa vida seria um poema no qual a personificação dela tinha um papel determinante?
Ela era como todos os outros. Não era diferente da contínua que lavava as escadas. Apenas lia poesia entre as degraus.
Eça fora um grande escritor. Talvez acredite nela. Talvez a opinião dela não exista no meu mundo.
Olho para aquela frase no quadro. Eça tem razão. O riso é acessível à multidão. Vejo os meus colegas a rirem-se de si próprios.
Eça não tem razão. E olho sem vontade de rir para o sorriso da minha professora que sublinha a frase, sem perceber que ela não é o letrado.
A professora escreveu esta frase no quadro e disse-nos que Eça fora um grande escritor.
A verdade é que nunca gostei de Eça. Mas confesso que os meus referenciais sempre estiveram trocados.
Aquela professora de português que vomitava versos, que bocejava metáforas entre aulas, nunca me inspirou confiança.
Era o emprego dela, ler-nos aquela poesia. Ensinar-nos a interpretá-la. Não sabia ela que a essência da vida estava ali, naquelas palavras? Que a nossa vida, toda a nossa vida seria um poema no qual a personificação dela tinha um papel determinante?
Ela era como todos os outros. Não era diferente da contínua que lavava as escadas. Apenas lia poesia entre as degraus.
Eça fora um grande escritor. Talvez acredite nela. Talvez a opinião dela não exista no meu mundo.
Olho para aquela frase no quadro. Eça tem razão. O riso é acessível à multidão. Vejo os meus colegas a rirem-se de si próprios.
Eça não tem razão. E olho sem vontade de rir para o sorriso da minha professora que sublinha a frase, sem perceber que ela não é o letrado.
Devo dizer que nao sou nada fa de Eça de Queiros. E que detestei esta frase desde o inicio...
ResponderEliminarSo posso dizer que adorei o texto. Que o subscrevo. E que nao podia dize-lo de uma melhor forma!
No teu texto ouvi as razoes pelas quais nao gosto de Eça. E a forma como a (minha) professora de portugues contribuiu para gostar ainda menos (se é que ainda é possivel!...)
Adorei =D
Lamento ser o advogado do diabo aqui... Ok, pronto, não lamento nada. :P
ResponderEliminarNão vou defender a frase, que é banal e desinteressante. O humor chega às massas, big deal.
Sinto-me é na obrigação de defender o Eça! Eu gosto de Eça como figura histórica e detesto-o como escritor. Acho que é preciso entendê-lo no contexto do seu tempo e do seu estilo para lhe perdoar o pretenciosismo das palavras, que só agrada mesmo a professores de português e seus admiradores (tipicamente meninas de primeira fila).
Só que todos os escritores desse tempo eram assim - eles tentavam imitar os franceses e saía-lhes esse exagero. Agora, o que eu acho intocável no Eça é a consciência e a lucidez com que ele era capaz de analisar o Mundo e, em específico, Portugal. As personagens-tipo do Eça ainda hoje se mantêm: os artistas e escritores sem talento, os políticos de carreira, os jornalistas sem ética, as parideiras, os burgueses, as beatas e as devassas, e a forma como os "patriotas" são quem mais puxa o país para baixo. Tudo isto foi escrito por ele há mais de 100 anos e mantém-se inalterado até aos dias de hoje.
Não poderia concordar mais convosco na crítica que fazem ao Eça, ligando-a à escrita dele e à forma como ele é ensinado. Mas o Eça em si, a sua inteligência e a sua capacidade de análise e crítica, esse eu tenho que defender!
E já agora, quanto ao que interessa mesmo, gostei do texto. :)