terça-feira, 6 de abril de 2010

Desafio XV-Resposta

O rapaz alto e louro parou em frente ao quadro. Estava entre nomes famosos e pesados, Monets e Van Goghs, apesar de ser um pedaço de arte anonima. Prendeu-o. Ficou imovel , em frente ao quadro, sem pestanejar. Era assustador com o seu casaco comprido e negro, o cabelo muito claro, a cor de olhos estrangeira . Correu o mundo a procura das exposições de arte , correu o mundo em busca de todos os Monets, Van Goghs e Renoirs perdidos em pequenos museus. E, aquele quadro anonimo, foi o que o cativou.
Continuou imovel. A observar. A memorizar. O quadro não tinha som, era uma imagem muda. No longe, um homem num cavalo afundado numa flroesta negra e maciça. Talvez esteja perdido, talvez viva perto daquela zona. Ou talvez ande a procura de se perder. Talvez esteja perdido sem estar, um estado interior captadoe metaforizado pela arte do pintor. Sim, talvez esteja a vaguear, não ha nenhuma casa nos arredores do quadro. Talvez por isso seja tao estranho. Uma floresta densa e obscura, um enorme lago congelado e frio. E um homem a cavalo algures lá. No meio. A natureza no seu ponto mais natural e instintivo. No seu ponto mais agreste. E um homem lá, sem a civilização a suporta-lo. A solidão é o nome que o rapaz louro,imovel, tao quieto como a Morte (embora tudo na postura firme e tranquila dele evidencie uma forma de vida intensa) vê no quadro. Porque o homem a cavalo está so, perdido de si proprio na floresta. Alheio de si. Apesar do horror do quadro há algo de tranquilo , de belo, de transcedente na pintura. É a solidao do homem, sozinho ,calmo. Ah, sim, o homem sabe exactamente todo o tempo. Que ainda brinca sobre a pele.
A imobilidade do rapaz e o seu compasso de respiração , tipico de uma outra terra , levaram a que uma rapariga pousasse a mao no seu longo braço e perguntasse numa lingua comum algo semelhante a uma oferta de ajuda. O rapaz sorriu, com o sorriso atencioso e sincero, mas sem qualquer traço de exuberância. E disse, ainda com o riso na voz, palavras que a acompanharam até ao seu proprio fim. Nunca as compreeendeu.
- Estas arvores, este lago, esta imagem. É uma fotografia. Que eu tirei à janela da minha casa com telas e tintas de óleo. Este quadro é meu. Esta é a minha casa.

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