segunda-feira, 19 de julho de 2010

Desafio XXVIII - Resposta

“Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias...”

Foi triste meu Amor. Ainda hoje é triste e já tu não és o meu Amor. A tristeza foi a única a sobreviver-nos, a manter-se quente no meio de dois corpos frios que já não se acendem um pelo outro. Ás vezes, quando te reencontro, são os teus olhos tristes a única parte de nós que reconheço.

Naquele dia, corri todos os jardins do Mundo para te trazer as rosas mais lindas. Como tu. E quando cheguei ao pé de ti, trazia os braços cheios das rosas mais frescas.

Mas tu olhaste para mim e os teus olhos marcaram a hora da despedida. Nunca esquecerei a tristeza daquele momento em que congelámos o futuro. Tiraste os teus olhos de mim pela última vez quando me olhaste e viste que voltara para ti de braços vazios. Que não existiam rosas afinal. Que tudo não passara de uma bela ilusão que ambos bebemos e a que chamávamos por distracção, de paixão.

Foi nesse dia que a tristeza se estreitou entre nós. E hoje é tudo o que me sobrou.
Porque eu tinha os braços cheios das rosas mais viçosas.
Mas o tempo endureceu e tu guardas a memória de um homem de braços vazios.

2 comentários:

  1. Muito depois das rosas murcharem permanecem os espinhos na memória.

    Gostei. :)

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  2. Este texto está brilhante! Parece a prosa de Eugenio de Andrade a explicitar, a contar uma historia que sustenta o poema. O desconforto, o contraste, a dor que o poema causa estao no teu texto. Brilhantemente escritos. Regressar de rosas vazias, para mim, nao podia ser mais o que tu escreveste.

    Adorei!

    PS: Ricardo, o teu comentário depois do texto da Alice, está genial.

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