I've never believed in God, but I believe in Picasso
Acredito em Deus.
Fartei-me de mundos científicos e pontiagudos, onde se definem as arestas do pensamento. Fartei-me da verdade absoluta, da solução única para cada equação de pessoa.
Fartei-me de números exactos e de operações cirúrgicas onde para tudo se tem uma explicação, tudo é demonstrado, tudo é dissecado, tudo é desmontado, tudo é catalogado.
Dantes, Deus não existia porque as tempestades são explicadas pelo electromagnetismo. E não existem milagres que não estão na cabeça ou nos olhos de quem os vê. E já sabes que para um objecto se mexer é preciso exerceres uma força sobre ele.
Mas isso hoje é dia é irrelevante. Dizer que Deus não existe é como continuar agarrado a esses ignorantes que estão agarrados à crença de que Deus existe.
E eu quero distância deles. Ambos acreditamos que Deus existe, e isso é tão pouco, como se nada nos unisse.
Eles acreditam em Deus, como acreditariam nesta chávena de café, se eu quisesse. Por isso, deixa-os, larga-os, não te comprometas nem comprometas o teu pensamento só para passares o resto da vida a negá-los, dizendo que Deus não existe só para estares no lado oposto da bancada.
Porque assim é que garantidamente não estás.
Eu acredito em Deus como eles, e no entanto nunca seremos parecidos. E é nesta dualidade que nunca compreenderás, que me separo de ti. Porque essa Ciência no seu dogma da luta pela verdade não me contempla nos seus manuais científicos exíguos, não me inclui nas suas verdades, porque eu, oh sim, eu cometi o pecado mais capital de todos e acredito em Deus como os ignorantes.
Mas não sou ignorante.
Porque a arte não se presta a silogismos.
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