quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Desafio III - resposta

Ele acompanhou a multidão que seguia o cortejo do caixão, de forma paralela. Sem intercepção.
Caminhou debaixo das árvores do cemitério verde e húmido. A multidão seguia calma, sem entender o cemitério.
Perfeitamente sincronizados pararam perto da cova castanha, também ela húmida e fresca. Ele via agora perfeitamente o caixão mexer-se como se ela tivesse vida outra vez.
Reparou que não havia lápide junto à cova. Ela perderia o seu nome. O nome que ele repetira tantas vezes. Mas ganhara aquela multidão que a transportava. E que se esqueceria dela mais depressa do que o cemitério.
Baixou a cabeça, o vento suave enrolou-lhe os cabelos no pescoço. Tentara matá-la tantas vezes... E ela morrera assim, a dormir na frescura duma Primavera. Ele sabe que a tentara salvar tantas vezes...
Quando levantou a cabeça, a cova estava finalmente fechada. A multidão chorava em perfeito silêncio. Ela desaparecera para sempre.
Mas o coração dele endureceu. A morte dela desencantava-o. E quem desapareceu para sempre foi o amor dele. Saiu do cemitério sem olhar para trás.

Ele não seria assim. Ele morreria vivo.

My lifestyle determines my death style.

1 comentário:

  1. Honraste muito e bem a frase!Tudo o que ela resume.

    Porque nos vivemos como morremos. E porque ha quem nunca tenha nascido o objectivo é morrer vivo. Honrar a vida é morrer bem.

    Gostei muito :)

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