segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desafio II - Resposta

"Medo"

Gosto de estudar o Medo, de ver as reacções das pessoas às mais diversas situações. Há quem me chame louco, há quem me chame demónio. Eu chamo-me estudioso, pois tal como toda a gente tenho direito de investigar o que me interessa.

Fecho as pessoas em salas escuras e vejo-as perder o norte e o sul, estender os braços á procura de apoio que está lá, mas que o medo destrói, dando a ideia de um lugar sem paredes, nem tecto, nem chão. Vejo-as agacharem-se e enrolarem-se em si, para se protegerem de algo que na realidade não existe: os seus demónios interiores. Talvez isso lhes dê confiança, essa que de alguma maneira as trevas levaram. Não compreendo.

Vejo um certo indivíduo a atravessar uma multidão. O modo como olha em redor, os seus olhos brilhando de pressa e urgência, o animal que foge do caçador. Vejo como a respiração se apressa, como treme, como corre para fugir daquele aperto, de todas as vozes que o perseguem e enlouquecem. Não compreendo.

Observo como estremecem ao ouvir trovões. Como se afastam dos parapeitos de grandes altitudes. Como fogem de pequenos animais que lhes zumbem aos ouvidos. Como fecham os olhos e se agarram aos bancos quando o avião se levanta. Não compreendo, não consigo compreender.

No entanto, há algo que percebo de todos estes estudos. Os humanos têm medo de tudo, quer seja grande, pequeno, material ou imaterial. Têm medo da morte, do fim, do desconhecido, e até arrisco dizer que têm medo da vida. Tentam ignorá-lo e ele apenas cresce, limitando-lhes o horizonte. Passam a vida limitados pelo medo.

A Humanidade vive com medo de si própria. Mas parece não se importar, e continua assim. Acho que nunca poderei compreender.

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