Discordo daquilo que dizes mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres
Ela estava deitada no chão, à chuva e chorava enquanto a água a sacudia. Era livre agora para não continuar presa.
Era difícil compreenderes.
Tinhas na mão o poder de evoluir, de educar com a força da mente que impele os músculos numa brutalidade demasiado física para um qualquer corpo banal repelir.
Tinhas razão. A variabilidade, a troca, a confusão. Isso sim é a vida, é a progressão. Uma estrada para a frente tem que ter muitas bifurcações e muitos cruzamentos e principalmente, muitos caminhos proibidos ou inexistentes que são inventados, quando sem querer, afastamos um ramo de folhas.
E ela foi um filho desses caminhos, uma estrada irregular e incerta que se elevou numa montanha de poder prestes a ribombar e explodiu como um vulcão desgarrado sobre os pobres de espírito que nunca souberam o que significa andar para a frente sem ser às voltas.
Tinhas razão. A progressão não contempla os incultos ou os fracos, sem qualquer tipo de habilidade que os marque nesta vida. O poder dela era demasiado grande para que lhe resistissem. E a petulância deles em destrui-la, tornou patético e justificável, toda a tua existência e toda a tua determinação em tornar o mundo livre. Livre deles.
Porque eles podiam ao menos, implorar pela liberdade de existirem. Mas como nunca o fizeram, o mundo tornou-se acorrentado pelos ideais invejosos de quem despreza o poder que não lhe nasceu nos genes.
Sempre tiveste razão. Não concederes a liberdade, foi uma forma de seres livre. Porque se não os prenderes e os resumires ao pó que representam na evolução da Humanidade, eles castrarão e afogarão essa Humanidade em miséria e em falta de originalidade que só a promiscuidade e a loucura prometem.
Sempre tiveste tanta razão em querer salvar o mundo da não-evolução, que nunca compreenderás porque é que ela escolheu aquela liberdade. Foi uma aberração, disseste tu, um desperdício. Ela podia tornar o Mundo livre.
O que não sabes é ser ela. O que não sabes é ter o poder dela. Saber que está num patamar de evolução solitário, e que poder moldar a Humanidade como plasticina, sem obstrução. Ela matar-te-ia pelos mesmos motivos, porque perante ela, não és nada, tal como eles.
Perante ela, ninguém é nada. Por isso, perdoa-lhe que tenha escolhido a liberdade reconfortante de não estar absolutamente só no mundo.
Nunca vais compreender que a liberdade não se dobra a nada, nem à evolução.
(Rogue - XMEN)
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