Ela só precisava de um motivo.
Um motivo.
Algo que justificasse a sua loucura.
Mas estava tudo trancado. Tudo perdido.
Era-lhe tudo impedido.
E a loucura crescia-lhe nas pontas dos dedos. Cobria-lhe a pele. Falava-lhe por cima da voz.
Cultivava-a no interior. Ouvia os vinis antigos que lhe falavam do que ela nunca teria.
Ela nunca teria essa liberdade para ser louca. Essa Nada que eles tinham e que ela invejava mais do que Tudo. Eles podiam ir. Podiam ir e não voltar.
Eles nasceram assim. Com motivos.
Mas ela tinha de viver trancada. Amarrada à falta de opções que lhe permitiam ter alguma coisa.
Se ela ao menos tivesse um motivo. Podia perder Tudo. E com Nada podia ir onde quisesse.
"Os homens tropeçam nas pedras pequenas, não nas grandes"
Por vezes, aquilo que nos prende parece minúsculo. Mas sem dúvida que os nossos muros interiores e pessoais, mesmo não passando de "pedras pequenas", são bem mais difíceis de escalar do que os muros que os outros nos erguem.
ResponderEliminarGostei da tua resposta. :)
"Ela nunca teria essa liberdade para ser louca. Essa Nada que eles tinham e que ela invejava mais do que Tudo. Eles podiam ir. Podiam ir e não voltar. "
ResponderEliminarEla tinha uma rosa que nao era uma verdadeira rosa. Que a prendia . Uma pequena coisa, uma "pedra pequena". Perante a grandiosidade de se ser louco.
Mas " Nao é a montanha que desanima, é a pedra que trazes no sapato" nao é verdade?
Gostei muito =)
"Nao é a montanha que desanima, é a pedra que trazes no sapato"
ResponderEliminarÉ tão verdade... os maiores obstáculos ao que nós queremos alcançar são sempre postos no nosso caminho por nós próprios, e não pelos outros.
Gosto muito do teu texto...às vezes é mais fácil viver quando não se tem nada do que quando se tem tudo. :)