segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Desafio I - resposta

Ela só precisava de um motivo.
Um motivo.
Algo que justificasse a sua loucura.
Mas estava tudo trancado. Tudo perdido.
Era-lhe tudo impedido.
E a loucura crescia-lhe nas pontas dos dedos. Cobria-lhe a pele. Falava-lhe por cima da voz.
Cultivava-a no interior. Ouvia os vinis antigos que lhe falavam do que ela nunca teria.
Ela nunca teria essa liberdade para ser louca. Essa Nada que eles tinham e que ela invejava mais do que Tudo. Eles podiam ir. Podiam ir e não voltar.
Eles nasceram assim. Com motivos.
Mas ela tinha de viver trancada. Amarrada à falta de opções que lhe permitiam ter alguma coisa.
Se ela ao menos tivesse um motivo. Podia perder Tudo. E com Nada podia ir onde quisesse.

"Os homens tropeçam nas pedras pequenas, não nas grandes"

3 comentários:

  1. Por vezes, aquilo que nos prende parece minúsculo. Mas sem dúvida que os nossos muros interiores e pessoais, mesmo não passando de "pedras pequenas", são bem mais difíceis de escalar do que os muros que os outros nos erguem.

    Gostei da tua resposta. :)

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  2. "Ela nunca teria essa liberdade para ser louca. Essa Nada que eles tinham e que ela invejava mais do que Tudo. Eles podiam ir. Podiam ir e não voltar. "

    Ela tinha uma rosa que nao era uma verdadeira rosa. Que a prendia . Uma pequena coisa, uma "pedra pequena". Perante a grandiosidade de se ser louco.
    Mas " Nao é a montanha que desanima, é a pedra que trazes no sapato" nao é verdade?


    Gostei muito =)

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  3. "Nao é a montanha que desanima, é a pedra que trazes no sapato"

    É tão verdade... os maiores obstáculos ao que nós queremos alcançar são sempre postos no nosso caminho por nós próprios, e não pelos outros.

    Gosto muito do teu texto...às vezes é mais fácil viver quando não se tem nada do que quando se tem tudo. :)

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